Para encomendas de ícones, pintura de igrejas ou cursos de iconografia, favor entrar em contato pelos emails gouveianas@gmail.com ou leandrogou@hotmail.com

domingo, 13 de março de 2011

Sagrada Escritura e Arte Sacra

                           
O que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos. (IJo. 1,2)

Recheada de símbolos, a Palavra de Deus nos transporta para o espaço sagrado que há dentro de nós. Encontramo-nos com o próprio Deus neste “jardim” onde ele faz ouvir a sua voz que fala ao coração de quem procura a verdadeira inspiração, isto é, a linguagem que melhor pode exprimir e anunciar o Evangelho através da arte. O artista sacro deve verdadeiramente se alimentar neste imenso banquete de imagens e símbolos. Podemos até dizer que a arte sacra nada mais é que a própria Palavra de Deus em linhas, formas e cores. Nela temos a guia e, ao mesmo tempo, a luz para nossos passos nesta via que todo artista cristão quer trilar. Tanto a leitura dos Padres da Igreja como o Antigo e Novo Testamento nos transcendem ao mundo divino, se assim podemos dizer.

Desde o princípio a Igreja tem como modo de proclamação da fé as figuras dos textos bíblicos. Para transmitir aos fiéis a Salvação, a imagem sempre foi um dos meios mais eloquente que podia ser usado, assim atingia a todos os níveis de classes. Tanto a vida de Jesus, quanto os feitos dos profetas até os patriarcas, estavam pintados e esculpidos nas paredes das casas dos fiéis e dos templos, assim bem como nas catacumbas. Diríamos até que antes de ser considerado como manifestação artística, o que hoje chamamos de arte sacra, era mais um “veículo” da Palavra.
         Porém, para que este canal salvífico passe por mim, não basta simplesmente abrir a bíblia e já. É necessário um contato íntimo. Digamos até de pessoa para Pessoa, um diálogo com o texto sagrado; o alimento de uma vida interior através da liturgia celebrada e da Lectio Divina. É necessário um conhecimento de Jesus Cristo, a Palavra feita carne, imagem visível de Deus Pai. A obra de arte verdadeiramente nascida da Palavra de Deus grita ao mundo com as palavras do evangelista João: “... o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da Vida, vo-lo anunciamos” (IJo. 1,1-2).
Usando das palavras de João Paulo II na sua Carta aos Artistas, Ninguém melhor do que vós, artistas, construtores geniais de beleza, pode intuir algo daquele pathos (paixão) com que Deus, na aurora da criação, contemplou a obra das suas mãos”, podemos nos perguntar: Como intuir este pathos divino senão por meio da Sagrada Escritura? Se tivermos a arte como um dom recebido por Deus, não há outro meio de exercitá-lo senão como homens e mulheres da Palavra, e isto é responsabilidade de cada um.
Mesmo que vamos somente copiar um ícone, o mínino conhecimento de em qual contexto bíblico aquela imagem está sendo representada já a torna uma porta aberta para uma contínua contemplação da Palavra de Deus. Ao reproduzir esta imagem, o artista está anunciando com seu dom a Encarnação do Verbo de Deus. Eis aí o grande mistério da nossa salvação, o princípio e o fim da arte sacra, que só pode ser chamada sacra, se tem no seu centro a pessoa de Jesus Cristo e sua missão redentora
Então, e assim podemos afirmar, não existe arte sacra sem a Lectio Divina. Como aquele pai de família que tira do baú coisas novas e antigas, assim o artista deve encontrar continuamente neste maravilhoso “baú” a melhor matéria-prima para seu trabalho, isto é, sua missão.



Nenhum comentário:

Postar um comentário